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Neste suplemento vamos abordar a reciclagem têxtil com as suas vantagens e desvantagens, enumerar projectos piloto, definir alguns conceitos em voga, pesquisar o ciclo de vida do vestuário, enfim perceber o reaproveitamento de um produto cuja vida tinha chegado ao fim, mas que volta a ser ponto de partida e matéria-prima.

Como serão os produtos do novo século e qual será a nossa relação com eles?

O que devemos fazer ao vestuário que já não usamos?
A reciclagem têxtil pode ser uma ferramenta útil para um desenvolvimento sustentável?


O desperdício torna-se uma questão maior assim como a degradação de ecossistemas e da biodiversidade. As práticas industriais convencionais não consideram os riscos e impactos ambientais na produção de bens e serviços, recorrendo a recursos naturais finitos. Assistimos a mudanças climáticas e ao aquecimento global. As consequências vão sendo cada vez mais evidentes e preocupantes. Torna-se emergente reflectir e discutir a importância dos recursos, do design na sociedade e, por conseguinte, da reciclagem não só como ferramenta para a redução de desperdícios e resíduos mas também como forma de inovação na interpretação dos materiais e das matérias-primas. fios e tecidos que chegam ao Reino Unido são sintéticos e misturados segundo todas as combinações possíveis, perigosamente inflamáveis no processo e quase impossíveis de separar depois de usados. Cerca de 74% de dois milhões de toneladas de vestuário que é comprado todos os anos acabam em aterros, apodrecendo devagar, ou não apodrecendo de todo, numa massa de poliéster, viscose e acrílico. A própria necessidade de espaço para lixeiras é também reduzida. Todo o processo da reciclagem se desenvolve de uma forma mais limpa, poupando energia na extracção, na manufactura, no transporte e em todas as fases pelas quais o produto passa.


Vivemos numa sociedade em que o consumo é de abundância. Os produtos vêm os seus ciclos de vida cada vez mais curtos, devido ao aparecimento de outros "mais funcionais", à moda ou à fraca qualidade dos materiais. Em efeito bola de neve, a produção de desperdícios cresce em ritmo frenético. Nos últimos anos, com o crescimento dos “retalhistas do desconto” e da “fast fashion“, como a H&M, a Zara, a Primark e as gamas de moda dos supermercados, o preço do vestuário caiu em média até 25% e a sua venda aumentou 60%. A globalização tornou possível a produção de roupas a preços tão baixos que muitos consumidores consideram-nas descartáveis. Estima-se que, no Reino Unido e na Irlanda do Norte, mais de um milhão de toneladas de têxteis são descartados por ano, essencialmente através do lixo doméstico. Os têxteis estão já identificados como os resíduos sólidos de crescimento mais rápido e, pela primeira vez, estão a ser alvo de debate fazendo parte da agenda política de alguns países, como a Inglaterra e os Estados Unidos. Estes governos vêm na reciclagem têxtil a oportunidade de atingirem os seus objectivos de reciclagem.


A imprensa foi a grande responsável pela propagação do termo "reciclagem". A palavra já existia mas a sua difusão só se deu a partir do final da década de 1980, quando foi constatado que as fontes de petróleo e de outras matérias-primas não renováveis estavam a esgotar-se rapidamente e que havia falta de espaço para a deposição de lixo e de outros dejectos na natureza. Embora as pessoas tenham sempre reutilizado vários produtos, a reciclagem como hoje a conhecemos é resultado de um movimento moderno ambientalista.
As maiores vantagens da reciclagem têxtil estão associadas à redução da extracção de matérias virgens assim como da própria pressão sobre esta actividade. Os têxteis quando vão parar às lixeiras tornam-se materiais altamente poluentes, em especial as fibras sintéticas (fibras feitas pelo homem) que não se decompõem nos solos libertando substâncias que contaminam os mesmos, os mantos de água e o ar.