História real.

Conto aqui uma história muito engraçada, que me aconteceu durante a pesquisa sobre as estatísticas em Portugal de reciclagem de têxteis. Comecei por procurar informação na Internet em sites oficiais, como o do Ministério do Ambiente e afins. Não encontrei nenhuma informação relativa a têxteis, nem números de desperdícios, nem sistemas de recolha, nem políticas ambientais para o futuro. Como tal, decidi telefonar para o próprio Ministério do Ambiente com a seguinte questão (falsa, ups): “eu tenho em casa inúmeros têxteis -vestuário, lençóis e outros - que não estão em condições de serem dados devido ao seu mau estado. As associações próprias que recebem este tipo de bens não aceitam peças nem danificadas nem sujas. Bem sei que ao colocá-las no lixo comum, estas irão parar a lixeiras de céu aberto, que os tornará imensamente poluentes. O que devo fazer? Ou então, para onde devo telefonar para ser esclarecida?”

Pois é verdade que depois de ter sido passada de pessoa em pessoa, imagino que por todo o edifício andei…não vinha uma resposta. Quem não me passava imediatamente para outra, perguntava-me: “Desculpe lá, mas porquê telefonar para o Ministério do Ambiente com questões de reciclagem…de têxteis?” É verdade que não é vidro nem cartão. Tudo o mais fica estupidificado! Conclusão: a última pessoa com que falei, por sua vez extremamente simpática, explicou-me que, de facto, o Ministério do Ambiente não lida com têxteis e que não faz a mínima ideia de quem me poderia ajudar com esta questão. No fim ainda aproveitou para confirmar comigo: “os têxteis são muito poluentes, é?”.


Notícia retirada do site http://www.infortextil.com/a 2007-07-31:

Reino Unido: governo apoia a reciclagem têxtil

O Departamento para o Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais irá investigar o ciclo de vida dos 2 milhões de toneladas anuais de vestuário no Reino Unido.
Este é o primeiro passo do governo relativamente à reutilização e reciclagem de têxteis, apontando as novas estimativas para 1,165 milhões de tonelada de têxteis presentes nos resíduos sólidos da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, anualmente.
Com o aumento de 60% das vendas de vestuário novo na última década, os têxteis estão identificados como os resíduos sólidos domésticos de crescimento mais rápido.
A solução poderá passar pelo estabelecimento de mais colecções de vestuário no Reino Unido, mais mercados para vestuário usado e mais barato e acordos de responsabilidade voluntários por parte dos produtores relativamente às peças de vestuário.
Alan Wheeler, da Associação de Reciclagem Têxtil, afirmou, "é com satisfação que observamos o facto de os têxteis estarem a ser alvo de debate e de, pela primeira, vez constarem da agenda política. Temos vindo a exercer pressão junto do governo e a mensagem que os têxteis também precisam de atenção passou. A reciclagem têxtil pode ajudar o Reino Unido a atingir os seus objectivos de reciclagem e níveis de carbono. Teremos muito gosto em falar com o ministro para a reciclagem, Joan Ruddock, e com qualquer outro ministro sobre o assunto."
O governo vai reunir vários factos relativos ao impacto ambiental causado pelo vestuário com origem em relatórios de várias fontes. O estudo realizado pela consultora Oakdene Hollins revelou que a quantidade de têxteis consumidos no RU tinha "aumentando significativamente" para 1,9 milhões de toneladas por ano, mas apenas 17% do vestuário estava a ser recolhido pela indústria têxtil secundária. Embora a maioria das autoridades locais se encontre envolvida de alguma forma num esquema de recolha de têxteis, o relatório afirma que menos de 15% das câmaras opera ou apoia programas de recolha, uma vez que não têm interesse na recolha de têxteis devido aos seus objectivos de reciclagem, baseados em toneladas.
Grande parte dos têxteis não desejados estão a ser armazenados ou enviados para aterros. É necessário desenvolver mais mercados para os têxteis reciclados de forma a equilibrar a balança, especialmente se a qualidade das novas peças de vestuário se tornar inferior e estas apresentarem preços mais baratos. As câmaras deveriam assumir os seus objectivos relativos à reciclagem de têxteis e poderiam utilizar o sistema de créditos de reciclagem existente para apoiar a recolha de vestuário usado. Os retalhistas por sua vez deveriam considerar medidas voluntárias de responsabilidade por parte do produtor.
A política de intervenção terá como objectivo aumentar as taxas de recolha para reutilização e reciclagem e estimular mercados para têxteis reciclados, talvez através de uma aplicação mais eficaz da investigação e desenvolvimento, tecnologia e inovação.