Estamos a viver de uma forma em que a mudança é permanente e profunda. O Design e os Designers são confrontados com transformações complexas, tanto ao nível das redes de informação, tecnologias, modos de organização de trabalho, mercados, como de todo o fenómeno da Globalização. O lugar do design, o significado actual da palavra, os seus objectivos e campos de acção não estão de todo definidos, encontram-se eles próprios em evolução. Está a tornar-se uma actividade que trabalha aplicando conhecimento, não simplesmente projectando. O Designer questiona-se em relação ao seu papel na sociedade; procura a compreensão das funções que os objectos assumem na vida das pessoas, dentro dos respectivos contextos sócio-culturais.
O Design de Moda está intimamente ligado à tendência de consumo do vestuário e acessórios. Funciona como um espelho dos valores da sociedade – usos, hábitos e costumes. Como refere Eco (1989, p.12), “não admira que possa existir uma ciência da moda como comunicação e do vestuário como linguagem articulada.”
O Design, historicamente, surge no contexto da revolução industrial do século XIX, nas sociedades ocidentais. O acelerado desenvolvimento tecnológico, sócio-económico e cultural permite o aparecimento de uma nova profissão, a do Designer Industrial. O fenómeno da Moda atinge a sua plenitude com os processos industriais. O Design passa a ser parte integrante do processo de produção de vestuário. A chamada produção em massa e a construção de grandes fábricas, originaram um forte deslocamento das populações que viviam nos campos para as cidades. Consequentemente, uma nova forma de consumo é adquirida.
Actualmente, vivemos numa sociedade em que o consumo é de abundância. As práticas industriais convencionais não consideram os riscos e impactos ambientais na produção de bens e serviços, recorrendo a recursos naturais finitos. O desperdício torna-se uma questão maior assim como a degradação dos ecossistemas e da biodiversidade. O desequilíbrio sócio-económico entre os países desenvolvidos e os em vias de desenvolvimento aumenta. Assistimos a mudanças climáticas e ao aquecimento global. Perante este quadro, Papanek (1995, p. 29) defende que “the design response must be positive and unifying. Design must be the bridge between human needs, culture and ecology.”
Ainda como resposta a estes desequilíbrios afirmam-se novos conceitos, como o de Comércio Justo (ver www.ifat.org/index), Design Responsável (ver http://www.csr.gov.uk/), ecodesign (ver http://www.unep.org/) e consumo ético, Design Sustentável (ver //go.to/sustainabledesign/) e Desenvolvimento Sustentável (ver http://www.unpd.org/). O Design Sustentável, tal como outras artes aplicadas, constitui uma importante ferramenta para atingir o Desenvolvimento Sustentável.
A multidisciplinaridade tornou-se um veículo imprescindível para a incorporação do design na nossa vida social, através da acção de responsabilização ao assumir as consequências dos actos do design, tanto a nível sócio-económico, político, ambiental como cultural. Novos mercados surgem para esta tendência crescente, a da sustentabilidade. Neste âmbito, a reciclagem aparece como uma solução para transformar produtos que fecharam um ciclo de vida em produtos com novas vidas. O desafio é bastante interessante a nível criativo e possui inúmeras vantagens, desde a redução de desperdícios à própria redução da produção de matérias-primas e sua extracção. “As a concept, recycling has it all. If you´re a philosophical kind of consumer, for example, you´ll know that “new” produts aren´t really new.” (Siegle, 2006, p.11).